terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Não me deixa dormir

     Dizem que primeiro amor a gente nunca esquece. O fato é que quase nunca o nosso primeiro amor continua a viver com a gente e está disposto(a) a passar o resto da vida do seu lado. Bom, esse não é bem o meu caso. Ela realmente vive comigo ainda e estamos dispostos sim a morrermos juntos, mas não como amantes. Nosso amor é diferente, é aquele que é peça chave na vida de qualquer um, é um amor que sem ele, ou sem senti-lo por perto, somos apenas metade, somos desamparados e nunca os mesmos. Nosso amor é o mais importante vínculo afetivo à não familiares: A amizade.
     Nesses anos, ela foi pra mim como aquele insistente inseto que tanto pertuba nossas noites, justo as noites em que queremos dormir. O inseto marca presença a todo momento e você está sentindo ele toda hora em seu ouvido, fazendo barulho. Mas você não dá tanta importância a ele, você quer dormir. Mas ele está no mesmo metro quadrado que você há um bom tempo. A presença do mosquito, apesar de insistente, torna-se inevitável. Mas você não move uma pálpebra para se dar ao trabalho de ao menos ver o que fazer com ele, ter o cuidado de levá-lo até a janela, ou mesmo dar fim àquele persistente ser vivo. De barriga para cima, de bruços, de um lado para o outro você se locomove, mas o inseto não descansa de bater suas asas! Finalmente você abre os olhos e resolve ligar a luz. Com a visão embaçada, olhos recém abertos incomodados com a luz, você se depara com o artrópode, apertando bem os olhos para enchergar melhor. "Meu Deus" sussurros que saem de sua boca ao admirar a beleza da magnífica libélula que escolheu seu quarto para passear. E você chega mais perto, quer apreciar os mínimos detalhes, quer conhecer melhor o animal,  de beleza tão esbelta que você sente vontade de admirá-lo pro resto da noite (ou da sua vida!). Daí já esquecemos completamente a possibilidade de descartá-lo, pelo contrário, quanto mais tempo para admirar a preciosidade melhor. E é assim que me obrigo a conviver com minha libélula, de alva alma e coração inocente, pessoa que tanto me arranca suspiros de admirações, o inseto-gente que desde que descobri sua beleza, fecho as janelas da minha casa e nunca mais eu abro mão.

Jéssica Freitas, amiga minha, do Jardim de infância ao Jardim da vida, ♥

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