sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um ano, quem diria!

Certa feita, Mário Quintana afirmou em uma das suas obras que “quem faz um poema abre uma janela (...) salva um afogado”. Em um ano inteiro de expor meus sentimentos em uma página virtual – fato jamais imaginado por minha mentalidade obsoleta e antiquada – preenchida com poemas, prosas e textos os quais confundiam tais denominações, não abri janelas, destranquei imensas portas as quais periodicamente me libertavam de angústias já tão enraizadas no peito, e por ora me acolhiam em celebrações de alegres momentos também vividos. Descrever sentimentos, no prisma dos sentidos – sinestésico – tornou-se uma atividade rotineira, e tal tarefa não obteria tanto êxito se você, caro leitor, não acompanhasse postagem por postagem meus controversos desabafos.

Agradeço a todos os leitores da Sinestesia, deixando minha sincera gratidão pelo 1º  aniversário do “sinestesicamente falando”!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Apenas agora, pois, dei-me merecido tempo para dar as costas à tantas projeções exigidas sobre mim e fiz meu ritual que há tempos atrás o fazia com maior frequência. Mirei o ontem. o anteontem. o ano inteiro. Por mais que tentasse enganar a minha consciência, vendar os olhos, meu coração já sussurrava as notórias diferenças desta reflexão quanto às muitas outras. Em meses atrás, os deliciosos momentos em que me reportava às peripécias compartilhadas com aqueles os quais tanto me importo - meus amigos do colegial - soavam melodiosas, abraçavam-me afetuosamente e eu dava-lhes toda assistência como quem recebe visita tão presunçosa! E ria só, gargalhava até, pouco caso fazia dos incompreendidos que encaravam-me nas ruas ao me ver mostrando os dentes em plena recordação, taxavam-me como esquizofrênico, capaz. Todavia, desta vez, um desconforto tomava posse das minhas lembranças, que mais vivas do que nunca, ressaltavam a me despertar o final do ciclo que a de vir. A ampulheta escorre os últimos grãos do ensino médio e o receio ao afrouxamento do laço tão edificado vem a tona. Antes, boas lembranças acompanhavam a certeza da permanência diária no ano seguinte. Mas e agora? Em meio a insegurança presente, pude apenas me recordar mais e mais, remeter-me  profundamente dos simples aos mais preciosos encontros, e pude dar conta da imensidão do meu sentimento a amigos os quais jamais a vida me dará em todo seu curso, percebi então que a sólida relação, apesar da certa distância a nos esperar, somente tomará amadurecimento, uma nova fórmula, a qual a saudade apenas crescerá a vontade de revê-los nos reencontros que faremos questão de realizá-los, riremos das bobagens feitas por nós mesmos e daremos acordes à nossa ciranda. E de tanto fitar passado e presente vivos, desmoronou-se a insegurança de perdê-los. Ao contrário, notei que nunca me senti tão amado, tão querido, que definitivamente faculdade, emprego e falta de tempo são detalhes comparados à nossa afetividade. Depois de tamanhas reflexões, enxuguei a tímida umidez no canto dos olhos e voltei às minhas atividades, com uma certeza a mais no meu coração.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Passando a régua




     Fazendo um ligeiro flashback em meus pensamentos sobre a 'melhor turma de 3º ano do ano de 2011 de colégio são lázaro', fui pondo cautelosamente os prós e os contras da convivência diária numa balança que eu mesmo a denominei de "valeu-a-pena-ou-não-nômetro". Os bons e construtivos momentos adquiridos na particularidade de cada grupo, na relação existente entre as vulgarmente chamadas 'panelinhas', as quais se confundiam numa interrelação caótica e desmanchavam-se a nossos olhos no decorrer do tempo; e as mais variadas gargalhadas dadas durante o ano letivo, atribuídas a piadas infames, ora direcionadas a toc's terríveis dos nossos mestres, ora quando Ravel abria a boca durante alguma aula meio chata. Para o outro lado da balança, ficaram as corriqueiras e tão comentadas desavenças presentes historicamente em nossa turma: mágoas, discussões, acusações de 'falsidade' - palavra tão pronunciada! - e mais diversos descasos sendo ninguém além de nós mesmos os próprios autores de tamanhas calamidades. Pesei os dois lados e decidi que não. Não podemos sair dessa sala com recordações mesquinhas de sentimentos de rancor e "disse me disse", não do Terceirão 2011 que tanto conheço! A sala que já em anos anteriores puljava brilho e criatividade nas feiras culturais, sempre recebendo os melhores elogios do publico, não da turma que liderou e venceu o desempate da Gincana do Junião, não de nós, todos nós que contagiamos nossos professores com um carisma sem igual, definitivamente, as boas recordações mais que sobressaem, me fazem esquecer  os problemas sofridos por  surtos de desunião ou rivalidade. Essas -recordações- quando vindas a tona, 'jogam em nossa cara' que não somos uma sala como qualquer outra, muito menos podemos nos despedir com esse pensamento. Convenhamos, uma turma que contém um bife, um rato, um Mister M, um peixe que às vezes é cachorro, um inferno em pessoa, um alcoólatra, um jogador do vitória e até mesmo uma ” %#@%&#@” em pessoa  está muito longe de ser uma turma padrão; e somos orgulhosos de desabarmos tabus de 'responsabilidade e compromisso' tão exigidos pela nossa idade. Eu lanço o desafio para vocês também.  Observem o quanto nós aprendemos aqui, nesse ‘metro’ quadrado. Independente de quem entrou esse ano, ano passado, ou até mesmo quem veio da maternidade pra cá, todos vamos levar para o mundo lá fora experiências inapagáveis, e quando olharmos para trás, quando nos reportarmos ao nosso colegial e principalmente ao seu ultimo ano, serão esses momentos que lhe virão a mente, desavenças serão detalhes pequeníssimos, nem preciso ser vidente para tal diagnóstico. Agradeço do fundo do meu coração a cada um de vocês que me fizeram ser quem sou hoje, e podem ter a absoluta certeza que os levarei aonde estiver.
Muitíssimo Grato dos pequenos aos exorbitantes gestos de carinho e respeito,
Rodrigo Mota