quinta-feira, 21 de março de 2013

Rapto


Espreitar do comungol
Celulose e carbono
O real contrário.

Ação de vigiar
Sendo o próprio olho
Seu retrato.

A fresta recorta
O flagrado instante
A poesia o coloca
Na estante.

O galho sobre a telha
Tece eterno discurso.
Atalho para a arte
Rascunhos de seu curso

Pra compor poema-prisma
Filtro que pulveriza
O pretérito agora.

O que no tempo escapa
A palavra por si
Adota.

domingo, 17 de março de 2013

O dono da voz


A luz do holofote atinge o homem
Em meio a gritos aplausos acenos
Mas ele não passa de um
Discurso amarelo.

Profere pra massa tua sina
Recita depois uns provérbios.
Proclama o que sempre
Proclama, profana.

Retira palavras do bolso
De sua antiga retórica.
Por ora diverte teu povo
Com já conhecida anedota.

Sacode os braços e rasga
Dos lábios sorriso. Delira
O povo com seu feitiço.
Esconde por dentro sua Quimera.

Repito comigo quem dera
Vissem menos quem elenca
O palco, ouvissem menos
Quem despe essa vida a fio.

Por trás do terno adornado,
O homem, apenas um vaso
Vazio. 

sábado, 16 de março de 2013

Desforme


Uma cortina de reflexos
Num quarto só de janelas.

O teto sozinho flutua
Ouvindo do chão querelas.

Repousa
Meu invadido espectro
Revelado entre dois planos
Paralelos e quatro cantos
Dispersos.

O tempo é valsa.
Vagando sobre o vão perdura
E meu corpo
No centro da admensão
Pendula.