quarta-feira, 20 de junho de 2012

A valsa


Nossa amizade debuta,
Vestiu rosa e chamou família
Dançou valsa e tomou bebida
Adolescente que já encara pai e mãe,
Já usa sutiã e chora por homem.

Nossa amizade debuta,
Sem datar nascimento.
Noventa e sete é natal,
Dois mil e doze é momento.

Nossa amizade debuta,
Em meio a riso e grito
E beijo e pranto.
Um jardim de infância,
Um terceiro ano,
Um amor e uma eternidade.

Nossa amizade debuta,
É carinho e carência latente.
É amor-de-infância-não-correspondido
Literalmente.

Nossa amizade debuta,
Passa estação, prestação, passa tempo.
Da distância, amor vira alento.
Crianças no banco do colégio,
Estudantes da faculdade,
Nossa amizade debuta.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O que sobrou


Você foi, mas ficou
Seu perfume e seu sabor,
Na casa.
 
Ainda estou como quando
Você rira comigo, mas agora,
Sem beijos, atei a escrever
Sozinho.
 
Deitado, balançando a perna,
Mordendo o bocal, buscando
Uma forma de fazer-te
Eterna.
 
Afundando a cabeça em mil almofadas,
Estalando dedos, sonhando o vivido,
De um pássaro ouço de longe o seu
Alarido.
 
 - Um momento para ir a sala pegar a borracha -
 
E me encaixo no canto do quarto,
Examino seus rastros esparsos
Deixo finalmente fluir, você, eu,
Afluentes do riso, do beijo, da voz,
Desaguarem na fina ponta do lápis:
A foz.