terça-feira, 6 de março de 2012

Três meses

     Desperto de um sonho contigo. Na prateleira, teu retrato me dá bom dia. De pé e com sono, rastejo a sandália e me esbarro na estante: suas anotações que fiquei de revisar. Arrumo a mochila, guardo seus escritos com carinho e já na rua o celular desperta o lembrete: Te ligar após a aula. No intervalo das aulas, ligo o notebook e nossa foto predileta estampa meu plano de fundo. Depois abro o armário e vejo a bagunça que fiz, “ela tão organizada, se visse isso...”. Durante o almoço, te telefono. Quero dizer, durante o telefonema, almoço. Vou à academia, e fico a rir só, lembrando-me de quando você começara a malhar e reclamara de dor pra tudo. No regresso à minha casa, ouvi a nossa musica tocando na rádio duas vezes, e vi rostos que me confundiram com os seus. Três vezes. No fim da tarde, preparei o jantar e lembrei-me do quanto você enche o prato de salada, e nada de chocolate ou morango após a refeição. Não gosta. Terminada a janta, arrumo a cama e deito a cabeça. Seu retrato diz: Boa noite. 

    E me dou conta: Como em tão pouco tempo, você consegue tomar-me o dia inteiro? Quantos anos passaram-se nesses três meses?
    
    Baby, você não virou rotina, a rotina virou você.


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