quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Batendo ponto

Trancado no seu compartimento da repartição, ranzinza, resmungando até pela caneta que caíra, estava ele, e seu dia amanhecera preto e branco. Pilha de trabalhos, cobranças, contas, metas a cumprir, e à sua companhia um mau humor apuradíssimo. Mas a sina do amor – o acaso, talvez – soprou a persiana e a fez abrir um pouco mais. Mais do que isso, chamou sua atenção para fora da janela, para quem havia acabado de chegar. E ela carregava consigo toda cor, toda vida e todo brilho, e cada passo dado por ela iluminava ainda mais o corredor, abria um generoso sorriso - que só a ela pertence - para quem a cumprimentava, carregando o doce e conhecido perfume que o impulsionou até a porta para abri-la e o sentir. E de lá a fitou esperando o encontro dos olhos dela com os seus. Passando por ele, acolheu-o com um gentil  ” bom dia “, sem deixar de sorrir e seguiu seu caminho. Foi observada até entrar em seu respectivo escritório. Fechando a porta e  voltando para sua cadeira, tratou de pegar a caneta do chão e rir porque ela havia caído, rir porque tinha uma reunião em duas horas, rir porque devia ao açougueiro,  rir porque sua coluna latejava faziam quatro dias. Rir porque estava amando.

2 comentários:

  1. Escrever bem é besteira hein Rodrigo Mota?! rs Parabéns ótimo texto. Estudar do lado de uma cara inteligente assim vai ser bom de mais! ;)

    ResponderExcluir
  2. Oh, obrigado Deivid! Vai ser legal estudar contigo também :)

    ResponderExcluir