domingo, 18 de dezembro de 2011

Apenas agora, pois, dei-me merecido tempo para dar as costas à tantas projeções exigidas sobre mim e fiz meu ritual que há tempos atrás o fazia com maior frequência. Mirei o ontem. o anteontem. o ano inteiro. Por mais que tentasse enganar a minha consciência, vendar os olhos, meu coração já sussurrava as notórias diferenças desta reflexão quanto às muitas outras. Em meses atrás, os deliciosos momentos em que me reportava às peripécias compartilhadas com aqueles os quais tanto me importo - meus amigos do colegial - soavam melodiosas, abraçavam-me afetuosamente e eu dava-lhes toda assistência como quem recebe visita tão presunçosa! E ria só, gargalhava até, pouco caso fazia dos incompreendidos que encaravam-me nas ruas ao me ver mostrando os dentes em plena recordação, taxavam-me como esquizofrênico, capaz. Todavia, desta vez, um desconforto tomava posse das minhas lembranças, que mais vivas do que nunca, ressaltavam a me despertar o final do ciclo que a de vir. A ampulheta escorre os últimos grãos do ensino médio e o receio ao afrouxamento do laço tão edificado vem a tona. Antes, boas lembranças acompanhavam a certeza da permanência diária no ano seguinte. Mas e agora? Em meio a insegurança presente, pude apenas me recordar mais e mais, remeter-me  profundamente dos simples aos mais preciosos encontros, e pude dar conta da imensidão do meu sentimento a amigos os quais jamais a vida me dará em todo seu curso, percebi então que a sólida relação, apesar da certa distância a nos esperar, somente tomará amadurecimento, uma nova fórmula, a qual a saudade apenas crescerá a vontade de revê-los nos reencontros que faremos questão de realizá-los, riremos das bobagens feitas por nós mesmos e daremos acordes à nossa ciranda. E de tanto fitar passado e presente vivos, desmoronou-se a insegurança de perdê-los. Ao contrário, notei que nunca me senti tão amado, tão querido, que definitivamente faculdade, emprego e falta de tempo são detalhes comparados à nossa afetividade. Depois de tamanhas reflexões, enxuguei a tímida umidez no canto dos olhos e voltei às minhas atividades, com uma certeza a mais no meu coração.

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