segunda-feira, 4 de junho de 2012

O que sobrou


Você foi, mas ficou
Seu perfume e seu sabor,
Na casa.
 
Ainda estou como quando
Você rira comigo, mas agora,
Sem beijos, atei a escrever
Sozinho.
 
Deitado, balançando a perna,
Mordendo o bocal, buscando
Uma forma de fazer-te
Eterna.
 
Afundando a cabeça em mil almofadas,
Estalando dedos, sonhando o vivido,
De um pássaro ouço de longe o seu
Alarido.
 
 - Um momento para ir a sala pegar a borracha -
 
E me encaixo no canto do quarto,
Examino seus rastros esparsos
Deixo finalmente fluir, você, eu,
Afluentes do riso, do beijo, da voz,
Desaguarem na fina ponta do lápis:
A foz.

2 comentários:

  1. Eu achei esse poema belíssimo!
    Mas, melhor do que escrever bem e sentir-se realmente como se escreve.
    Portanto: felicidades hoje e sempre, cunho!


    Te amo <3

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    Respostas
    1. Obrigado pelas palavras, cunha!
      Também de amo, muito. <3

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